Poema para Ana Às vezes eu sei que não há Deus Outras, reparo nos teus olhos, Ana. São realmente olhos? São realmente teus? São mistério de outra raça mais humana? Serão assim os mortos que aparecem E nos afagam com mãos de seda preta? Os teus olhos, Ana, são coisas que acontecem A quem esteve fechada séculos numa gaveta.Se não tivesse vindo o Príncipe estrangeiro Enchendo a nossa casa de ramos de giesta Estariam ainda dragões de nevoeiro A guardar os teus olhos perdidos(...) Natália Correia
terça-feira, 18 de outubro de 2016
segunda-feira, 17 de outubro de 2016
Pura Poesia XIII- Ary dos Santos
Rua da Saudade
Estrela da Tarde
Ary dos Santos
Mafalda Arnauth
Era a tarde mais longa de todas as tardes
Que me acontecia
Eu esperava por ti, tu não vinhas
Tardavas e eu entardecia
Era tarde, tão tarde, que a boca,
Tardando-lhe o beijo, mordia
Quando à boca da noite surgiste
Na tarde tal rosa tardia
Quando nós nos olhamos tardamos no beijo
Que a boca pedia
E na tarde ficamos unidos ardendo na luz
Que morria
Em nós dois nessa tarde em que tanto
Tardaste o sol amanhecia
Era tarde demais para haver outra noite,
Para haver outro dia. (Refrão)
Meu amor, meu amor
Minha estrela da tarde
Que o luar te amanheça e o meu corpo te guarde.
Meu amor, meu amor
Eu não tenho a certeza
Se tu és a alegria ou se és a tristeza.
Meu amor, meu amor
Eu não tenho a certeza.
Foi a noite mais bela de todas as noites
Que me aconteceram
Dos noturnos silêncios que à noite
De aromas e beijos se encheram
Foi a noite em que os nossos dois
Corpos cansados não adormeceram
E da estrada mais linda da noite uma festa de fogo fizeram.
Foram noites e noites que numa só noite
Nos aconteceram
Era o dia da noite de todas as noites
Que nos precederam
Era a noite mais clara daqueles
Que à noite amando se deram
E entre os braços da noite de tanto
Se amarem, vivendo morreram.
(Refrão)
Eu não sei, meu amor, se o que digo
É ternura, se é riso, se é pranto
É por ti que adormeço e acordo
E acordado recordo no canto
Essa tarde em que tarde surgiste
Dum triste e profundo recanto
Essa noite em que cedo nasceste despida
De mágoa e de espanto.
Meu amor, nunca é tarde nem cedo
Para quem se quer tanto!
quinta-feira, 13 de outubro de 2016
quarta-feira, 12 de outubro de 2016
terça-feira, 11 de outubro de 2016
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