Poema para Ana Às vezes eu sei que não há Deus Outras, reparo nos teus olhos, Ana. São realmente olhos? São realmente teus? São mistério de outra raça mais humana? Serão assim os mortos que aparecem E nos afagam com mãos de seda preta? Os teus olhos, Ana, são coisas que acontecem A quem esteve fechada séculos numa gaveta.Se não tivesse vindo o Príncipe estrangeiro Enchendo a nossa casa de ramos de giesta Estariam ainda dragões de nevoeiro A guardar os teus olhos perdidos(...) Natália Correia
terça-feira, 26 de novembro de 2013
sábado, 23 de novembro de 2013
quinta-feira, 21 de novembro de 2013
quarta-feira, 20 de novembro de 2013
Poesia V- Maria Teresa Horta
Arthur Hacker, The Cloud, 1902.
Desejo
Adormeço tropeçando
no desejo
encostada ao teu pescoço
Respirando o teu dormir
vou bebendo devagar
o ácido cheiro do teu corpo
Maria Teresa Horta, As Palavras do Corpo, Antologia de Poesia Erótica, Dom Quixote, Lisboa 2012.
Etiquetas:
Acordar,
Adormecer,
Amor,
Arthur Hacker,
Corpo,
Desejo,
Dom Quixote,
Erotismo,
Intimidade,
Maria Teresa Horta,
Paixão,
Poesia,
Poeta,
Prazer,
Sensualidade,
Sexo
terça-feira, 19 de novembro de 2013
Pura Poesia V Vinicius de Moraes e o Amor I
Soneto do Amor Total
Amo-te tanto, meu amor... não cante
O humano coração com mais verdade...
Amo-te como amigo e como amante
Numa sempre diversa realidade
Amo-te afim, de um calmo amor prestante
E te amo além, presente na saudade
Amo-te, enfim, com grande liberdade
Dentro da eternidade e a cada instante
Amo-te como um bicho, simplesmente
De um amor sem mistério e sem virtude
Com um desejo maciço e permanente
E de te amar assim, muito e amiúde
É que um dia em teu corpo de repente
Hei de morrer de amar mais do que pude
Fonte: You Tube
Etiquetas:
Amante,
Amizade,
Amor,
Corpo,
Desejo,
Liberdade,
Morte,
Música,
Paixão,
Palavra,
Poder,
Poesia,
Poeta,
Saudade,
Verdade,
Vida Eterna,
Vinicius de Moraes
segunda-feira, 18 de novembro de 2013
domingo, 17 de novembro de 2013
sábado, 16 de novembro de 2013
quinta-feira, 14 de novembro de 2013
Natália Correia: Poema para Ana
Poema para Ana
Às vezes eu sei que não há Deus
Outras, reparo nos teus olhos, Ana.
São realmente olhos? São realmente teus?
São mistério de outra raça mais humana?
Serão assim os mortos que aparecem
E nos afagam com mãos de seda preta?
Os teus olhos, Ana, são coisas que acontecem
A quem esteve fechada séculos numa gaveta.
Se não tivesse vindo o Príncipe estrangeiro
Enchendo a nossa casa de ramos de giesta
Estariam ainda dragões de nevoeiro
A guardar os teus olhos perdidos na floresta.
Nunca mais haveria crianças de mãos dadas
No modo singular como agora te sentas
E estaríamos ainda as duas separadas
Pela cortina velha de andorinhas cinzentas.
O mundo não seria uma coisa tão grande
A noite voltaria a tirar-nos a calma.
Ah, foi o telescópio do Príncipe Alexandre
Que me salvou a alma.
Natália Correia, Poesia Completa, "Poema para Ana", Dom Quixote, Lisboa, 2007.
Victor Nizovtsev
segunda-feira, 11 de novembro de 2013
Pura Poesia IV Adriana Calcanhoto: A Fábrica do Poema
Fonte: You Tube
Sonho o poema de arquitetura ideal
Cuja própria nata de cimento
Encaixa palavra por palavra, tornei-me perito em extrair
Faíscas das britas e leite das pedras.
Acordo;
E o poema todo se esfarrapa, fiapo por fiapo.
Acordo;
O prédio, pedra e cal, esvoaça
Como um leve papel solto à mercê do vento e evola-se,
Cinza de um corpo esvaído de qualquer sentido
Acordo, e o poema-miragem se desfaz
Desconstruído como se nunca houvera sido.
Acordo! os olhos chumbados pelo mingau das almas
E os ouvidos moucos,
Assim é que saio dos sucessivos sonos:
Vão-se os anéis de fumo de ópio
E ficam-me os dedos estarrecidos.
Metonímias, aliterações, metáforas, oxímoros
Sumidos no sorvedouro.
Não deve adiantar grande coisa permanecer à espreita
No topo fantasma da torre de vigia
Nem a simulação de se afundar no sono.
Nem dormir deveras.
Pois a questão-chave é:
Sob que máscara retornará o recalcado?
domingo, 10 de novembro de 2013
sábado, 9 de novembro de 2013
sexta-feira, 8 de novembro de 2013
Os Arquétipos da Deusa em Cada Mulher- Jean Shinoda Bolen
Edouard Bisson, Goddesses on Mount Olympus.
"Cada mulher desempenha o papel principal no desabrochar da sua própria vida. (...) Tal como as mulheres não estavam usualmente conscientes dos poderosos efeitos que os estereótipos culturais tinham sobre elas, também podem não estar conscientes das poderosas forças dentro de si que influenciam o que fazem e como se sentem. Esses poderosos padrões íntimos, ou arquétipos, são responsáveis por diferenças fundamentais entre mulheres. (...) Logo que uma mulher se aperceba das forças que a influenciam, conquista o poder proporcionado pelo conhecimento. As "deusas" são forças poderosas e invencíveis que moldam o comportamento e influenciam as emoções. O conhecimento acerca das "deusas" existentes nas mulheres é um novo campo de aprofundamento da consciência feminina. Quando uma mulher sabe que "deusas" são forças dominantes dentro de si, adquire um auto-conhecimento sobre o poder de determinados instintos, sobre as prioridades e as aptidões, sobre as possibilidades de descobrir um significado pessoal por intermédio de escolhas que outras pessoas podem não estimular."
Jean Shinoda Bolen, As Deusas em Cada Mulher, Planeta Editora, Lisboa, 1998.
quinta-feira, 7 de novembro de 2013
quarta-feira, 6 de novembro de 2013
A Vida Eterna- António de Macedo
"A voz dela zurziu o ar como o sibilo das serpentes da deusa Némesis, e acusou o velho conde de assassínio frio e premeditado, pior, de vampirismo da mais negra espécie, pois não tinha escrúpulos de tentar conseguir a vida carnal eterna à custa de sorver as vidas dos que executassem a música maldita e que seriam transferidas para ele... Concluiu perguntando quantas vidas estaria ele disposto a sacrificar antes que alcançasse a imortalidade...e que imortalidade?"
António de Macedo, A Sonata de Cristal, Editorial Caminho, Lisboa, 1996.
Dante Gabriel Rossetti, A Sea Spell, 1877.
terça-feira, 5 de novembro de 2013
Poesia III- Herberto Helder
Lugar
"O pão de aveia, as maças no cesto,
o vinho frio,
ou a candeia sobre o silêncio.
Ou a minha tarefa sobre o tempo.
Ou o meu espírito sobre Deus.
Digo minha vida é para as mulheres vazias,
as mulheres do campo, os seres
fundamentais
que cantam de encontro aos sinistros
muros de Deus.
As mulheres de ofício cantante que a Deus mostram
a boca e o ânus
e a mão vermelha lavrada sobre o sexo.
Espero que o amor enleve a minha melancolia.
E flores sazonadas estalem e apodreçam
docemente no ar.
E a suavidade e a loucura parem em mim,
e depois o mundo tenha cidades antigas
que ardam na treva sua inocência lenta
e sangrenta.
Espero tirar de mim o mais veloz
apaixonamento e a inteligência mais pura.
- Porque as mulheres pensarão folhas e folhas
no campo.
Pensarão na noite molhada,
no dia luzente cheio de raios.
(...)"
Herberto Helder, Oficio Cantante - Poesia Completa, Assírio e Alvim, Lisboa, 2009.
"O pão de aveia, as maças no cesto,
o vinho frio,
ou a candeia sobre o silêncio.
Ou a minha tarefa sobre o tempo.
Ou o meu espírito sobre Deus.
Digo minha vida é para as mulheres vazias,
as mulheres do campo, os seres
fundamentais
que cantam de encontro aos sinistros
muros de Deus.
As mulheres de ofício cantante que a Deus mostram
a boca e o ânus
e a mão vermelha lavrada sobre o sexo.
Espero que o amor enleve a minha melancolia.
E flores sazonadas estalem e apodreçam
docemente no ar.
E a suavidade e a loucura parem em mim,
e depois o mundo tenha cidades antigas
que ardam na treva sua inocência lenta
e sangrenta.
Espero tirar de mim o mais veloz
apaixonamento e a inteligência mais pura.
- Porque as mulheres pensarão folhas e folhas
no campo.
Pensarão na noite molhada,
no dia luzente cheio de raios.
(...)"
Herberto Helder, Oficio Cantante - Poesia Completa, Assírio e Alvim, Lisboa, 2009.
Charles C.Curren, 1861-1942.
segunda-feira, 4 de novembro de 2013
Repressão Social da Mulher- Três Marias
"Bem sei que a revolta da mulher é a que leva à convulsão em todos os estractos sociais; nada fica de pé, nem relações de classe, nem de grupo, nem individuais, toda a repressão terá de ser desenraizada, e a primeira repressão, aquela em que veio assentar toda a história do género humano, criando o modelo e os mitos de outras repressões, é a do homem contra a mulher. Nenhum equilíbrio anterior nos será possível, portanto, a partir daí, nem sequer o de manipularmos nossos filhos. Tudo terá de ser novo, e todos temos medo. E o problema da mulher, no meio disto tudo, não é o de perder ou ganhar, é o da sua identidade. Que nesta sociedade, muitas coisas lhe são gratificantes, sem dúvida; mas que a mulher (e o homem) não tem consciência de como é manipulada e condicionada, ainda oferece menor dúvida. A repressão perfeita é a que não é sentida por quem sofre, a que é assumida, ao longo duma sábia educação, por tal forma que os mecanismos da repressão passam a estar no próprio individuo, e que este retira daí as suas próprias satisfações. E se acaso a mulher percebe a sua servidão, e a rejeita, como, a quem, identifica-se?"
Maria Isabel Barreno, Maria Teresa Horta, Maria Velho da Costa, Novas Cartas Portuguesas, Pub. Dom Quixote, Lisboa, 2010.
Evelyn de Morgan, The Love Potion, 1903.
Etiquetas:
Dom Quixote,
Liberdade,
Maria Isabel Barreno,
Maria Teresa Horta,
Maria Velho da Costa,
Mulher,
Novas Cartas Portuguesas,
Repressão
sexta-feira, 1 de novembro de 2013
A Arte de Viver- Dominique Loreau
"A única maneira de estar na vida é apreciá-la. Saber que nos vamos apagar como uma vela obriga-nos a tomar partido e a arranjar maneira de vivermos sensatamente, verdadeiramente e sempre com o sentimento dos nossos limites. Isso dá-nos a paz de espírito para aceitar o pior. Daí uma libertação de energia. Uma vez que temos um tempo limitado para viver nesta terra, é preciso viver tão feliz quanto possamos nas circunstâncias dadas".
Dominique Loreau, A Arte da Simplicidade, Bizâncio, Lisboa, 2006.
Dominique Loreau, A Arte da Simplicidade, Bizâncio, Lisboa, 2006.
Gustave Moreau, Hésiode et la Muse, 1891.
Subscrever:
Mensagens (Atom)