domingo, 16 de março de 2014

Poesia XIII - Natália Correia


As Mulheres no Século XXI- Inês Pedrosa

"Aliás, é curioso observar como muitas das mulheres que, por tristes razões de conveniência social, preferem não se declarar feministas, comungam com as feministas radicais de uma mística do feminino, que arreda os homens de tudo quanto é simpático nos sentimentos e actos, definindo de forma estanque uma série de "valores" femininos: afecto, lealdade, transparência, generosidade, intuição, pragmatismo, sentido de humor, desembaraço. Pretender definir um dos sexos através desta curta súmula de maravilhas é, parece-me a mim sexismo. Como afirma Ana Vicente (em Os Poderes das Mulheres, Os Poderes dos Homens, Circulo de Leitores, 1998): "Tal como o racismo, o sexismo foi e é um tremendo erro, pois torna a procura da felicidade muito mais nebulosa e tacteante". Por isso, a páginas tantas, quando Orlando passa do sexo masculino ao feminino, Virginia Woolf escreve: "A mudança de sexo, muito embora alterando-lhe o futuro, não lhe alterava a identidade". por isso também o assunto da "escrita feminina" me cheira ao esturro da discriminação: a única distinção que faz sentido é a que engloba as/os escritoras/es capazes de escavar o fundo secreto dos tempos e das almas.
Entretanto, verificam-se ainda múltiplas e persistentes formas de discriminação das mulheres, em Portugal e no mundo. Mais de um milhão de meninas morrem todos os anos apenas por terem nascido mulheres. Milhares de outras ficam para sempre amputadas pela mutilação genital - prática tenebrosa e muito mais expandida do que se possa pensar, frequentemente desculpabilizada pelo relativismo cultural politicamente correcto. A percentagem mundial de mulheres nos lugares de decisão politica é de cerca de dez por cento. E só três por cento das empresas ocidentais (porque das outras nem vale a pena falar) são dirigidas por mulheres. Que em geral ganham muito menos, em iguais funções, do que os seus congéneres masculinos. Ora a menorização das mulheres menoriza também os homens, empobrecendo não só as relações entre os sexos mas também o desenvolvimento do mundo humano". 

Inês Pedrosa, 20 Mulheres para o Século XX, Dom Quixote, Lisboa, 2000.

domingo, 2 de março de 2014

Pura Poesia IX Memórias- Ary dos Santos


Retalhos Da Vida De Um Médico


Serras, veredas, atalhos,
Estradas e fragas de vento,
Onde se encontram retalhos
De vidas em sofrimento

Retalhos fundos nos rostos,
Mãos duras e retalhadas
Pelo suor do desgosto,
Retalha as caras fechadas

O caminho que seguiste,
Entre gente pobre e rude,
Muitas vezes tu abriste
Uma rosa de saúde

[refrão]
Cada história é um retalho
Cortado no coração
De um homem que no trabalho
Reparte a vida e o pão

As vidas que defendeste,
E o pão que repartiste,
São lágrimas que tu bebeste
Dos olhos de um povo triste

E depois de tanto mundo,
Retalhado de verdade,
Também tu chegaste ao fundo
Da doença da cidade

Da que não vem na sebenta,
Daquela que não se ensina,
Da pobreza que afugenta
Os barões da medicina

Tu sabes quanto fizeste,
A miséria não segura,
Nem mesmo quando lhe deste
A receita da ternura

Pura Poesia VIII Rita Lee - Mania de Você

Rita Lee, Água na Boca.





Mania De Você


Meu bem você me dá
Água na boca
Hum! Rum!
Vestindo fantasias
Tirando a roupa
Molhada de suor
De tanto a gente se beijar
De tanto imaginar
Imaginar!
Loucuras...

A gente faz o amor
Por telepatia
No chão, no mar, na lua
Na melodia
Mania de você
De tanto a gente se beijar
De tanto imaginar
Imaginar!
Loucuras...

Nada melhor
Do que não fazer nada
Só prá deitar
E rolar com você...(2x)

Meu bem você me dá
Água na boca
Água na boca!
Vestindo fantasia
Tirando a roupa
Molhada de suor
De tanto a gente se beijar
De tanto imaginar
Imaginar!
Loucuras...

A gente faz amor
Por telepatia
Telepatia!
No chão, no mar, na lua
Na melodia...

Mania de você
De tanto a gente se beijar
De tanto imaginar
Imaginar!
Loucuras...

Nada melhor
Do que não fazer nada
Só prá deitar
E rolar com você...(2x)

Meu bem você me dá
Água na boca!