"Na sonolência das tardes ou respirando a brisa salgada da noite, deitada numa chaise-longue com velhas revistas sem capa e páginas dobradas que folheava maquinalmente, Isabel reencontrava algumas sensações, algumas recordações e pensamentos recorrentes que se fundiam, dilatavam ou fermentavam novas esperanças, onde se desenhavam imagens tórridas em que o desgosto do passado cedia lugar a ternas revelações prenunciando os limites do futuro.
Foi com um incrível atraso que Isabel descobriu o prazer solitário. Num dado momento, a sua sensualidade - sã, equilibrada, purificada por uma camaradagem desportiva com a juventude queimada ao sol - arrefecera e petrificara-se para depois renascer com os meses de Verão, reanimada por novas tentações e o vício da adolescência".
Mircea Eliade, Isabel e as Águas do Diabo, Livros do Brasil, Lisboa, 2000.
Frederic Lord Leighton, Flaming June, 1895.
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